Sorvetes Rochinha: depois de 40 anos de sucesso, expansão foca em franquias

Sorvetes Rochinha, fundada em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, completa quatro décadas de com seus picolés fincados cada vez mais pelo Brasil. Enquanto menos de 40% das iniciativas empresariais no país sobrevivem após cinco anos de operações, segundo o IBGE, a ‘quarentona’ comemora o faturamento de R$ 17 milhões apenas com franqueados em 2023 e prevê crescimento de 20% para 2024. Hoje, a Rochinha comercializa 1 milhão de litros de sorvetes para 3,5 mil pontos de vendas e 23 franquias em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

A trajetória de sucesso da Rochinha pode ser dividida em duas partes até o momento.
• A primeira consiste na criação e gestão da empresa pela Família Lopes, responsável pela produção artesanal de sorvetes e picolés mais saudáveis, com “frutas de verdade”. Essa qualidade consolidou a marca como o “sorvete das férias” de muitos turistas que iam às praias do litoral norte de São Paulo. Virou um clássico dos paulistas como os biscoitos Globo para os cariocas.

• Já o segundo capítulo se iniciou a partir da aquisição da empresa pela consultoria Hurtado e Moraes Capital Management, parcialmente em 2014 e integralmente em 2016. Foi quando a companhia subiu a Serra do Mar com o objetivo de transformar os sorvetes até então vendidos somente nas praias em produtos do dia a dia de brasileiros dos grandes centros e do interior de São Paulo.

REPUTAÇÃO

“O desafio inicial foi conquistar novos mercados sem perder as raízes, reputação e qualidade do produto surgido nas praias de São Paulo ainda em 1983”, disse à DINHEIRO Lupercio Moraes, CEO da Sorvetes Rochinha. E isso foi superado a partir de estratégias como a modernização da fábrica em São José dos Campos (SP) para a produção artesanal em grande escala, inauguração da sede administrativa na capital paulista e a expansão para o pequeno varejo, redes de supermercados e abertura de franquias.

Antes da pandemia de Covid-19, decretada em março de 2020, a companhia já havia dobrado o volume de distribuição ao negociar os produtos em pontos de vendas classificados como essenciais e com a ampliação das franquias, sobretudo no interior paulista. “Saímos do zero para 600 pontos de vendas em Campinas e região, por exemplo. Vimos que existia uma bolha de consumo disponível e que estávamos preparados para atender mais regiões de São Paulo e outros estados”, afirmou o CEO.

Chegamos a espaços antes SÓ ocupados por grandes marcas. estamos fazendo barulho.

Lupercio Moraes, CEO da Sorvetes Rochinha

Porém, o período de isolamento atrasou os planos de crescimento, principalmente com o funcionamento restrito e o fechamento de pontos de vendas importantes, como restaurantes e padarias. Contudo, a empresa não apresentou queda nas vendas e em números de franqueados. “Investimos na distribuição para supermercados e equilibramos a rede de franquias ao deixar de cobrar os royalties por dois anos, evitando o fechamento de lojas”, disse Moraes.

NOVOS HÁBITOS

No Brasil, o setor vive sob novos hábitos de consumo. Isso porque picolés e sorvetes se tornaram opções para o ano todo e não apenas produtos sazonais. Segundo dados da Abis (Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes), já são mais de 11 mil empresas ligadas ao setor, que registra faturamento de R$ 14 bilhões por ano.

Outro fator para o produto deixar de ser consumido somente no período de primavera-verão é a busca por alimentos mais saudáveis por parte da população. Pesquisa da WW, em parceria com o Instituto Kantar, revelou que 91% dos brasileiros estão interessados em melhorar ou manter a saúde e o bem-estar.

Para Lupercio Moraes, esse cenário de oportunidades representa mais um capítulo da história da Rochinha, que deve ser orientado pela expansão e pelo fortalecimento da marca, que passou por um reposicionamento em 2023. “Agora, o objetivo é dobrar o número de franquias abertas no último ano e alcançar mais pontos de vendas, oferecendo proximidade e conveniência ao consumidor”, disse.

As pretensões não são pequenas, em especial frente a marcas internacionais consagradas. A companhia renovou recentemente o contrato com o Allianz Parque, arena multiuso em São Paulo da qual é parceira oficial desde 2019, e mantém operações exclusivas nos também paulistanos parques Ibirapuera e Villa-Lobos“A Rochinha chegou a espaços antes ocupados somente por grandes marcas. Não dá para negar que estamos fazendo barulho e causando incômodo em muita gente”, afirmou o CEO. Um doce barulho.